do Ensino Universitário em Portugal (ou na minha faculdade)

segunda-feira, novembro 19, 2012

Isto das greves gerais, telejornais e manifestações mete sempre uma pessoa a pensar. Pois bem, o meu pensamento foi: Então e como é que isto se verifica na realidade?
A minha realidade é a faculdade e o trabalho. Do segundo não tenho queixas - melhor ou pior, trabalhar na Starbucks tem-se revelado igual ao que esperava, não fiquei desiludida. Quanto ao primeiro...vamos por pontos e vamos aplicar aqui as queixas nacionais.
  • Propinas - o big issue dos universitários! 
Os alunos queixam-se que não têm dinheiro, os serviços administrativos queixam-se que não têm dinheiro para pagar aos professores e afins e ameaçam os alunos com listas de devedores. Muito bem, o facto de termos de pagar quantias exorbitantes para jovens adultos, muitos sem trabalho, é degradante. Onde é que um jovem de classe média desencanta €300 em 3 vezes? Os pais estão cada vez mais pobres e as bolsas cada vez mais escassas. Sou da opinião que deviam dividir as prestações em 10 (o mesmo nr de meses que dura o ano lectivo) - seria mais fácil de angariar a prestação.
 E quanto às listas? Sou, sem vergonha nenhuma, uma das devedoras, segundo umas folhas num qualquer placar do átrio da minha faculdade. O que acontece aqui é que estava com uma única prestação em atraso, porque sou pobre, lamento, e entretanto já regularizei a situação - no entanto eles acham bem que as folhas continuem desactualizadas, porque só nós é que temos responsabilidades para com eles, claro. 
 E usar o dinheiro das propinas como garantido para pagar aos professores e funcionários? Degradante a partir do momento em que os serviços administrativos não funcionam bem, que os funcionários do bar refilam connosco por usarmos o açúcar deles para adoçar o café da máquina da A.E. e que a nossa avaliação continua se processa com exames finais que nos lixam de 5 maneiras diferentes.
  • Secretaria!
É inadmissível que ninguém naquele sitio saiba nada do que está a fazer. As informações são contraditórias, as funcionárias lentas e pouco eficientes na ajuda à comunidade estudantil. É só para estabelecer aqui que eu faria melhor. E muitas vezes fecham as portas antes da hora delas.
E as datas de exames? Pois, quase em Dezembro e ainda não as sei.
Época especial? Não sei o que é.
  • Aulas 
Faltas ou não, eis a questão? É um assunto polémico. Sou da opinião que se tirassem as faltas tudo corria melhor e quem não queria aparecer não aparecia. Mas há sempre quem apareça para disturbar na mesma, embora eu ache que seriam menos. 
Aulas práticas? Então e que parte de "prática" é que os professores não percebem? Já chega de fazer apresentações power-point, algo me diz que não vou curar os meus pacientes com ppts bonitos.
Uso de pc para actividades extra-aula? Desculpem-me lá mas quem é que no seu perfeito estado consegue assistir a um monólogo de 2 horas? Além de que sou perfeitamente capaz de efectuar multi-tasking e acho absurdo que os professores considerem uma falta de respeito que os alunos utilizem o seu pc para mais do que um fim durante as aulas. Eu, se fosse professora (cruzes credo) até acharia perfeitamente natural que isso acontecesse. 

Os professores empancaram na dicotomia faculdade/trabalho futuro. Que em reuniões de trabalho não vamos sair a meio e não vamos estar a navegar pela internet - em que mundo é que esta gente vive? Não me tentem vender esse peixe que eu sou pescadora profissional. Além de que, caso não tenham reparado, a faculdade é frequentada por pessoas com capacidade de discernir um contexto do outro.

  • Alunos
Ninguém é perfeito. O barulho nas aulas mata-me, pessoal façam-me o favor de enfiar umas rolhas nessas traqueias. E por favor unam-se. O nosso problema é a falta de união para fazer com que o sistema mude.

  • Programas de mobilidade e divulgações e coisas do género
Falta muito neste campo. Nem todas as faculdades proporcionam programas de mobilidade a nível mundial, e mesmo dentro da Europa é complicado. Depois não há um conhecimento informado sobre os programas novos que vão aparecendo nem sobre outras acções ou workshops externos à faculdade. É ver os panfletos aparecerem colados num canto qualquer da faculdade (pelo menos os e-mails que me enviam nunca têm nada a ver com acções de mobilização a não ser que sejam o hospital dos bonecos). 
Há, depois, pouca facilitação em mover os alunos. A minha coordenadora de Erasmus era um mimo em termos disso: "Se querem que tudo corra bem, fiquem em Portugal", ham, desculpe? 
Já os pobres coitados que vêm de Erasmus apanham um choque tremendo, nenhum professor até agora saiu da sua zona de aulas feitas desde sabe-se lá quando para tentar incluir os ditos alunos. Isto falando dos que eu apanhei.

  • Por muito que penses que sim, um canudo não te serve nem para ver Braga
Ter uma licenciatura já não é o que era antigamente. Agora a única coisa que te garante é gastar uns 5000e. para ires para o desemprego.


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3 comentários

  1. Portanto, começaste por falar nas greves... 'bora fazer greve da (e na) faculdade? era fixe :P lolol
    muito bom o discurso, dá pano para mangas...

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    1. Ai bem que fazia greve fazia! Juro-te eu vejo cada coisa naquela faculdade que me dá uma vontade enorme de dar um par de estalos a alguém.

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  2. *encolhi-me toda* desde que não seja a mim, é na boooouuua!!! loololol :P

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